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Relatos

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VOLTAR PARA FAZENDO A DIFERENÇA- NARA 

 

 

EXPERIÊNCIA DE INCLUSÃO QUE DEU CERTO.

 

 

Tenho uma colega, que trabalhou numa escola mantida pela URCAMP, em Bagé.

Esta escola era privada, com uma proposta pedagógica sócio interacionista, totalmente voltada para a inclusão.

De que forma?

Todos na escola, desde os funcionários eram preparados para trabalhar com qualquer tipo de necessidade dos alunos.

 

Ela trabalhava com 1ª série, contava com 20 alunos e uma auxiliar. A turma tinham outros professores, como o de educação física, artes, música, teatro...Ela conta que nas reuniões semanais todos discutiam como melhor agir com cada caso e davam dicas e exemplos que funcionaram em determinados momentos ou solicitações.

 

Por exemplo, ela tinha um determinado aluno que tinha comprometimento mental, sua fala restringia-se a "papapapa"sabia-se do seu humor pela entonação nestas mesmas sílabas. Quando ele estava muito agitado, em conversa nestas reuniões o professor de cada área sabia como atingir a agressividade dele, seja na arte, em atividades físicas e etc.

 

Como a escola ficava dentro da universidade, isto auxiliava em termos de agilidade em termos de informação dentro da proposta. Todas as novidades que surgiam eram levadas para a escola. Além é claro de poder usufruir de todos os recursos da mesma como a gráfica, por exemplo.

 

A garantia de recursos, a preocupação sincera, profissionais qualificados e valorizados fizeram da experiência inclusiva algo realmente viável e que valeu a pena.

 

RELATO FEITO PELA PROFESSORA IGLETE I. K.Q

 

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UM RELATO DE VIDA

 

Uma das grandes alegrias que tive na vida foi conhecer alguém muito especial. Mas não porque ela é uma portadora de necessidade especiais e possui os membros superiores pouco desenvolvidos, mas por me mostrar que o que vale mesmo é estar viva e ser feliz por este fato.

 

Conheci Eliane, quando ela foi nomeada como secretária na escola em que trabalho, o choque inicial foi desfeito com muita rapidez, pois a competência, agilidade e presteza foram tão descomunal que acabávamos por não perceber mais sua deficiência. Não havia na escola quem digitasse mais rápido que ela, pasmem, mulheres, passava baton se olhar no espelho e sem borrar nenhum cantinho da boca.

 

Era casada e tinha dois filhos e sem nenhum constrangimento conta de sua infância e de sua postura em relação à vida:

"Eu e meu irmão nascemos com o mesmo tipo de deficiência. Meu irmão foi criado pela minha mãe e eu pela minha avó, simplesmente por motivos financeiros, mas morávamos próximos. Hoje só tenho a agradecer por isto, pois minha avó jamais me tratou como coitadinha. Ensinou a me cuidar, a cozinhar, lavar roupa, enfim tudo o que uma pessoa faz eu fazia, coisa que minha mãe não deixava meu irmão fazer e até hoje sente maior dificuldade do que eu para as coisas da vida.

Os tempos da escola, principalmente os inícios de ano foram os mais complicados, pois nos chamavam de apelidos, como mãozinha, dedinho...Mas com o tempo e com o costume tudo foi melhorando. estudávamos em escola comuns, houve uma tentativa do meu irmão escrever com os pés, mas desistiu e conseguiu se utilizar do antebraço para escrever, eu só mais inteligente e escrevo com letra mais bonita que ele, rsrsrs!

Os professores não sabiam muito bem como lidar conosco, na verdade foi a gente quem disse como nos tratar, ou seja, como os demais, então tudo os que meus colegas faziam eu e meu irmão fazíamos também, de alguma forma, nós não deixávamos nos deixar de lado. Eu sempre pensei, assim desde criança, mesmo brincando de boneca e via que elas tinha os braços perfeitos, não ficava choramingando e culpando ninguém, também não vou dizer que sempre desejei nascer assim, só que são coisas que independem da minha vontade. E a minha vontade é viver!

 

E viver significa namorar, beijar, desejar e assim que vivo, me casei com um homem maravilhoso que vê em mim uma mulher apenas, e tive dois filhos maravilhosos, um está com 11 anos e o mais velho com 21. Foi complicado cuidar de um bebê? Para mim foi natural e tive ao meu lado além de meu marido a minha mãe, mas penso que isto não tenha sido privilégio só meu, não é? E quanto ao meu segundo filho foi mais tranquilo ainda."

 

Eliane não está mais na minha escola, passou para concurso para a prefeitura e trabalha hoje no almoxarifado, onde é reconhecida por sua organização e competência.

 

Quando questionei:  O queres para teu futuro, Eliane?

“Já estou correndo por ele, realizando um grande sonho que é a graduação em Assistência Social, e continuar a ser feliz tendo tanto o que agradecer!”.

Eliane está sempre envolvida com questões a respeito aos portadores de deficiência na nossa cidade, é figura conhecida, respeitada e admirada por como conduz sua vida.

 

Adoro conversar com esta pessoa iluminada!

 

 

RELATO FEITO POR  ELIANE F. S.

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