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fazendo_a_diferença_nara

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Saved by Mara Tavares
on April 11, 2009 at 4:54:50 pm
 

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Antes de qualquer comentário, esclareço que minha ausência nas tarefas foi alheio a minha vontade, estou de volta tentando recuperar o tempo perdido.

Inicio meu dossiê, identificando-me:

 

Tenho 36 anos de idade. Fiz o Curso de Magistério na única escola que tinha o curso na minha cidade, iniciei minha prática docente a partir de 1997 sempre em escola pública estadual.Destes 12 anos em escola, 8 anos com 4ª série em pelo menos em 20 horas, já tive pré-escola, 2ª série  e 3ª série também. Trabalhei em escola urbana e rural.

Relembrando toda esta trajetória, vejo que na época do Magistério (1983) quase nada falavam a respeito de alunos com necessidades especiais. E o incrível que a mesma escola que estudei, ainda hoje em dia muito pouco prepara para estes alunos.

 

Sendo assim, quando sai do curso, devidamente formada, sentindo-me totalmente despreparada. A cada aluno que era matriculado na minha turma, confesso o alivio em sabê-lo que não tinha necessidade.

 

Em algumas pouquíssimas reuniões da escola que se falava a respeito, sempre ouvi comentários tão angustiantes quanto os meus sentimentos. Nenhuma das minhas colegas, mesmo aquelas com mais experiência do que eu, diziam que se sentiam preparadas para recebê-los.

 

O tempo foi passando e eis que em 2000 surgiu uma cadeirante em minha turma de pré-escola. Nossa, e agora? Pensei eu, como vou agir, como as crianças irão recebê-la?E as atividades, como realizar?

Para meu espanto, tudo fluiu...

 

Jéssica foi adotada pela turma, como sendo como realmente era, mais uma criança na turminha do pré. Uma mesinha foi adaptada para o grupo dela (todos trabalham em grupo). Em função da altura da cadeira de rodas, a mesa deveria ser mais alta. Todos queriam sentar-se na mesa alta, e foi necessário revesar os alunos na mesa.

 

Toda a rotina era realizada sem excluir a Jéssica. Rodinha da novidade, onde ela gostava de se expressar, hora do conto na biblioteca, participava com entusiasmo, em algumas vezes na hora da pracinha seus pais me ajudava a colocá-la nos brinquedos, pois eu não tinha forças para segurá-la.

 

A inclusão desta menina no sentido pessoal foi tranquilo e natural, não foi nada forçado. As dificuldades foram de outra forma, por exemplo. As rampas para favorecer a acessibilidade foram feitas com um mutirão de pais, os sanitários não sofreram alteração que deveriam ter. Ela necessitava de um fraldário, ou um local semelhante, isto não havia. Eu tinha 25 alunos e era necessário um auxiliar comigo, e quando solicitado na Coordenadoria Regional da Educação, disseram que no momento não havia como mandar, mas que providenciariam. Estou esperando até hoje!

 

A família desta criança precisava também de um suporte mais eficiente. Ela era filha de um casal em que a mãe a teve ainda adolescente fruto de uma relação fora do casamento do pai, então havia sentimentos de culpa e até mesmo de castigo pelo fato da menina ter nascido assim.

 

Lembro que na época nossa escola estava sem orientadora, e como sempre foi se trabalhando mais pela intuição do que por outra forma.

 

Ainda tenho contato com a menina, que agora está 8 série de uma escola grande no centro da cidade. A vejo esperando a condução especial da prefeitura enfrente a escola, e noto que permanece a criança esperançosa e gentil de sempre, contando-me com alegria das suas coisas, de como está sendo estudar numa escola grande e das lembranças do tempo do prezinho.

 

Fico feliz e penso que não fiz muito estrago na vida desta menina pela minha total falta de preparo.

 

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